quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Retrato do fracasso, a exposição de uma alma adoecida.

  Há algum tempo andava sem saco pra tudo, sem saco pra ouvir, sem saco pra me ouvir, só vomitava raiva em cima de tudo, qualquer mínimo sinal de qualquer coisa fugindo ao meu controle era motivo pra destilar intolerância  e rancor, como se eu culpasse o mundo por aquele buraco em que eu vinha afundando. Cada vez mais imersa no lugar em que eu mesma cavei,  sem sentido algum, de certa forma me sentia confortável naquele lugar, uma proteção talvez. Sem sol algum me aquecendo,e nenhum novo ar, a mente foi ficando empoeirada e em algumas partes, inabitada, a imaginação por exemplo ....
  Quanto mais fundo eu ia menos eu acreditava em mim, menos eu acreditava nas pessoas, menos eu acreditava, MENOS TUDO.não via beleza naquelas coisas que sempre vi, não achava mais graça em ver as pessoas tão diferentes e tão iguais, tão imensas e tão frágeis, via só pequenos objetos de longe, objetos dos quais nem tinha a menor pretensão de decifrar, muito menos adimirar.Não ria mais de mim mesma, via no espelho uma imagem desconhecida, como se eu não pertencesse aquele espaço.Nem me lembrava ao menos do quão bonito o céu pode ser, e quão assustador também, havia uma vaga lembrança de como era a chuva, mas tal lembrança me causava desconforto, devido a mesquinhes da minha alma, até mesmo o vento me causava espanto, retirava as incríveis mechas de cabelo do lugar, cabelo esse que servia pra esconder, ou desviar a atenção de uma mente vazia, que ser humano pobre é esse que não sabe se relacionar com coisas tão simples e tão magnificas a sua volta? parece ser tão besta isso que eu acabei de falar sabe?
É "clichêzão" mesmo Falar o quão bom é ver beleza nas mínimas coisas, mas, realmente. Se eu não conseguia me relacionar com as menores das coisas então com o que mais relacionaria?
  De repente eu só me via, O ego, SUPER EGO, acho que o que me fazia ir cada vez mas fundo naquilo tudo, era a incrível e tola vontade de ter controle sobre tudo.Óbvio, inúmeras tentativas frustradas , quanto mais vontade de controle eu tinha mas escuro ia ficando aquele lugar, e mais fundo eu ia, mas escuras, e diga de passagem burras iam se tornando alma e mente.
 Não sei o que me fez querer voltar. Na verdade sei, mas não vem ao caso (segredo de estado,talvez outra hora eu conto), mas me lembrei de quem eu era, me lembrei que um dia eu quis ter vergonha daquela figura, que se jogava  ou não se jogava, que não tinha prisões, amarras, nem arreio, eu olhava em todas as direções e não só pra dentro.me afundei naquele  buraco, e hoje fico envergonhada da pessoa que me tornei,mas mais do que vergonha, que tive nojo, e quis sair daquele lugar, eu quis perder o controle sobre o cabelo, sobre o olhar, sobre mim, sobre o mundo, quero retirar a poeira da mente, o mofo de mim... E cá estou, com um sorriso de orelha a orelha por ter escrito isso, por ter me perdido no caminho de volta pra casa, o qual eu volto todos os dias, é to feliz por ter deixado fluir, por ter me deixado voar.
Boa noite, bom descontrole.

Um comentário:

  1. Seguir em frente e olhar pra trás apenas para não se esquecer do caminho que te fez chegar até ali.


    "Talvez você não vença o tempo todo, e ainda pode até cair. Só tem que manter a alma forte, erguer a cabeça e seguir."

    "Nevermind, I'll find someone like you!"

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