sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Livres condenados

    Eu não sei se fico feliz ou se fico triste por morar em um País que se diz livre, que assegura direitos iguais, a liberdade de expressão, o direito de ir e vir, tudo isso é constitucional. Mas de que adianta tudo isso nos ser dado se a condenação vem nas ruas? Se é na pele que se sente o reflexo de uma cultura pobre, que a mídia e a educação a qual nossos "filhos" recebem fazem questão de reforçar isso. Quem se lembra do caso da Geyse arruda? A jovem que sofreu discriminação da universidade em SP por estar usando um vestido curto. vocês devem estar acompanhando o movimento mundial "free pussy riot" parte do movimento feminista na atualidade.Na Russia, um grupo de mulheres que protestavam encapuzadas e fazendo musica foi preso e condenado, Judicialmente.   Percebem a diferença? Vivemos teoricamente nos moldes de um País livre e na pratica nos somos tão carregados de uma cultura impregnada de religiosidade, misoginia e discriminação de todo o tipo. As vezes isso é tão forte que nos deixa fazer essa triste comparação com esses países que suas constituições não asseguram nenhum direito a liberdade de nenhuma forma.    Lá na Russia, as meninas que foram presas estavam protestando. e aqui no Brasil? qual foi a condenação da Geyse?  Podem até dizer que ela esta Bem, que soube aproveitar o que aconteceu... Não sei se foi tão inteligente da parte dela esse aproveitamento que ela deu ao que aconteceu.Veja bem, a mídia caçoa com a menina a chamando de burra, já vi várias entrevistas que os " Jornalistas" carniceiros forçam situações pra reforçar a falta de cultura da moça. E o que lhe resta ? O que lhe resta é se enfiar num "tubinho" curtíssimo e fazer o papel que a mídia adora mostrar, a mocinha bonita que consegue as coisas com o seu corpo, porque mulher é vista assim no brasil, a maquininha de fazer dinheiro se chama buceta e não cérebro. (Ps: Não é uma critica ao tamanho das roupas da geyse nem as pessoas que usam a buceta como sustento) 

domingo, 15 de julho de 2012

Então a gente se apaixona

Então é isso, eu vou me apaixonar. Vou me apaixonar toda vez que ele estiver distraído olhando como a luz do sol entra pelo quarto, eu vou me apaixonar toda vez que me estender a mão pra atravessar a rua mais segura, vou me apaixonar todas as vezes que secretamente eu desejar um beijo seu e inconscientemente esse beijo vier. Toda vez que eu me sentir uma boba te ouvindo falar de coisas que eu não conhecia, vou me apaixonar pelas mentiras que contamos tentando não se revelar de mais vou me apaixonar pelas verdades que deixamos escapar por meio de gestos e ai tentamos encobrir mudando de assunto rapidamente, eu vou gostar do cabelo liso, do cabelo enrolado, do cabelo colorido ou da falta de cabelo, do corpo, do cheiro seja ele qual for. Ai a gente vai brincar de ser um casal, a gente vai dar as mãos, vai dormir de conchinha e quando acordar a gente vai sorrir se abraçar e dormir de novo. Eu vou guardar as ruas pelas quais passamos o nome dos lugares onde fomos e as bebidas que tomamos, vou saber o seu prato predileto e o gosto que ele tem. As intermináveis conversas, as coisas do seu passado e  meu também vão somar o presente de estar ali. as músicas, as risadas, as danças e as transas. eu vou lembrar, de tudo ou de quase tudo, mais ai a gente se desencontra e vive isso de novo com outras pessoas ou com o novo de nós mesmos. Porque estamos apaixonados.

terça-feira, 8 de maio de 2012

metamorfose

   Traços de todas as formas, lindas linhas desenhadas perfeitamente pelo tempo, cada desenho cada marca tudo ali era parte de uma obra em andamento. mesmo sem terminar era  tão perfeito que eu poderia ficar ali por horas calada, só admirando cada linha, seguindo cada desenho com o olhar e tentando adivinhar de onde é que elas vieram.
   Eu deveria ter uns quatro ou cinco anos quando sentada na cadeira de balanço da vovó lhe perguntava de onde é que viam tantos cabelos brancos e prazeirosamente ela desatava a contar as histórias de sua juventude e da criação da minha mãe e doas meus tios, As vezes ela falava também da sua própria criação de como eram seus pais e como tivera sido na juventude. Mas nunca me respondia de onde é que vinham seus cabelos brancos.
   Certa vez que fomos ao rio, ela já bem velhinha queria descer o barranco pra pescar,eu temi por uma queda  e a pedi que não fosse. Mas mesmo assim ela foi, desceu, pescou e voltou com um pial nas mãos. Ela me mostrou o peixe e em seguida me colocou no colo.Outra história incrivelmente roteirizada por sua memoria ja cansada e lindamente narrada por sua voz fraquinha. Ela ergueu a anágua da saia e me mostrou uma cicatriz, Antes mesmo que eu perguntasse o que tinha feito aquela marca ela me disse que antes de eu nascer ela ja tinha caído bastante naquele lugar, me deu dois tapinhas nas costas e foi olhar os pássaros. No dia seguinte eu não quis descer e ela me perguntou poque, respondi que tinha medo porque ela já havia caído ali, ela soutou uma gargalhada deliciosa de ouvir e disse que cada um precisa levar os seus próprios tombos na vida.Fiquei ali de olhos estatalados pensando que a vovó queria que eu caísse, mas mesmo assim fui.
    Durante dias eu me perguntei porque é que a vovó se divertiu tanto quando me disse aquilo. As ferias ja tinham terminado e eu ja estava em casa, um pouco longe da vovó. Mas aquela inquietação ainda era um problema. Tão agoniada que eu tava pedi pra ligar na casa dela, mas nem assim ela me respondeu, deu outra gargalhada e disse que eu deveria ter as minhas próprias marcas disse que estava apressada pra ir a igreja e desligou.Passado algum tempo eu me esqueci daquilo,depois do episodio do barranco eu não conseguia me lembrar de ter  caído, acho que não cai mesmo depois disso.
  Outras férias vieram e eu novamente na casa da vovó. Pescaria, longos períodos de pedalada, subidas em arvore, passeios a cavalo. como toda criança normal era de se esperar que eu caísse ou me machucasse numa dessas atividades. Bingo, machuquei a perna direita andando a cavalo, fiz um rasgo enorme na perna e corri pra mostrar pra vovó, ela foi fazer curativo e cuidadar da ferida colocando a arnica na minha perna (remédio que ela usava pra tudo).Dai eu lembrei do que ela tinha me dito nas férias passadas e perguntei a ela o que aconteceria comigo agora que eu tinha a minha própria cicatriz. Sorrindo ela me respondeu
-Agora cê já sabe que não se deve andar a cavalo perto de mais das cercas de arame.
    A ferida fechou a cicatriz ficou aqui e a vovó nada de me responder de onde vieram os cabelos brancos dela. Mas hoje eu sei, hoje eu sei que cada fio de cabelo branco e cada linha naquele rosto são pedacinhos da evolução e do amadurecimento da vovó. Sei também que eu não seria o que sou hoje se a vovó não tivesse me deixado cair e aprender com os meus tombos.



 "E se eu fosse o primeiro a voltar. Pra mudar o que eu fiz, Quem então agora eu seria? "
                                                                                        o velho e o moço- Los hemanos. 

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Faz de conta que é da minha conta

 O brilho da chuva no asfalto molhado, o sol ali sem graça recolhido na sua humildade de fazer a terra melhor,agasalhos muitos agasalhos,guarda-chuvas de todas as estampas, o vento frio, mas tão aconchegante,mãos tremulas de fome,  corpo agitato, o ponteiro do relógio que corria mais que de costume, formiguinhas que caminhavam com os seus guarda-chuvas todos peças da mesma engrenagem, na parada do ônibus os pés agitados, em fim, chegou a sua carruagem, ou o ônibus, como preferirem, o cavalheiro que a conduzia não era de um todo um cavalheiro, deu-lhe algo em troca, ou simplesmente pagou a passagem e seguiu rumo aos destino, inúmeras paradas e só que via entrar eram mais peças da engrenagem.
As mãos ainda mais tremulas como se não bastasse a fome agora o que sentia era frio, não poderia ser diferente,aquele ambiente era sem duvida frio, os olhares não se cruzam, ninguém ali é notado, pelo menos não até agora
 -mais uma parada, mais formiguinhas atormentadas.
 disse madalena ao olhar pra frente, mas foi diferente, o sol ainda recolhido resolveu emprestar-lhe um pouco de calor, as mãos ainda tremiam mas não de fome, eram como espasmos de um corpo cheio de prazer, entrara ali, um príncipe Oh e que príncipe, tão lindo que por um momento acreditou que era uma pintura, ou a cena de um daqueles filmes que assistira a pouco, ele se fez notar, então, os olhares se cruzaram , 3 segundos de puro sol, mas, cada um tomou o seu lugar.
O cheiro dele a invadia, os cabelos, ai os cabelos.  Por um momento ela quis ouvir a musica que tocava na cabeça do príncipe, tomou para si as suas musicas, e tentou imaginar qual ouviriam juntos, ficou ali, admirando o presente que o sol acabara de lhe dar, a janela da carruagem ainda embaçada pela chuva deixou escapar um faixo de luz que batia exatamente na nuca e na orelha do jovem príncipe de camisa xadrez, ficou ali hipnotizada com tamanha beleza, não a beleza comum, ninguém o tinha notado se não madalena. Ela nunca o teria notado se ele não tivesse chegado tão cheio de sol.
Mas, também ninguém ali notaria o sol, se quer ao menos perceberam a chuva, viam apenas ponteiros que corriam, mas ela não, ela o viu, e ele também viu madalena.
Mas o ponteiro cruel ainda corria, as formiguinhas ainda seguiam seu destino, madalena é que esquecera o seu por eternos 5 minutos, impacientes, irritantes, feios e frios era assim ela via o resto quando desviava o olhar do príncipe sol,um barulho ensurdecedor a traz de volta do seu faz de contas, era a busina de um carro, que a fez perceber que teria que saltar de sua carruagem no próximo ponto, então, madalena olha mais uma vez para o sol, e segue seu destino.
seja lá quem for você, eu fiz pra você.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

De- CRESCÊNCIA.

     Pingos de chuva ao bater no alumínio, vozes de pessoas ao redor, cheiro de terra molhada, o clima tenso das tardes de trabalho, em meio a tanta confusão nada mais importava, a não ser a confusão mental em se encontrava madalena, a menina agora já crescida, deixara de acreditar em magica, deixara de enxergar as coroas e os reinos que via assim, tão dentro de si.
    O tempo a consumia tal qual o vento consumia aquele cigarro que acabara de ascender, tragando para si as desilusões que ganhara com a vida ela ficou assim, tão, HUMANA. Logo madalena ? logo ela? mesquinha, suja, hipócrita e sem fé? eram esses os pensamentos que a rondavam. E como o cigarro que chegou ao fim, chegou também o fim de suas indagações, a resposta veio tão fugaz quanto o relâmpago que acabara de ouvir.
BEM VINDA AO MUNDO DOS ADULTOS MADALENA!
   E é só isso então? crescer, ganhar corpo, e perder, daí começamos a só perder. Perdemos pessoas amadas,perdemos os nossos sonhos, perdemos, perdemos, perdemos. as vezes até ganhamos algo. Não, mentira, nós trocamos algo. vendemos, Vendemos sorrisos, simpatias, abraços, carícias, vendemos a alma,pra Deus ou pra satanás, depende de quem nos atender primeiro.
  Em um momento desesperado, ali sentada na cadeira do trabalho, fechou os olhos, e tentou ouvir apenas a voz da sua mente, que suplicava pela volta ao seus dias de criança, os dias em que ela podia enxergar a magica, os reinos e o rei, como era belo o rei. Sentiu um  toque em seus ombros. -Hora de voltar madá, tem clientes a sua espera.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Duvida ? duvido!

Ninguém é uma ilha, ninguém vive sozinho, mas sabe é sozinho que se é feliz. Não,sozinho não, mas só,entende? Afinal, o que é a solidão ? o que é a felicidade ?
Saca?! - é eu também não!
São conceitos, concebidos individualmente, mas são tão coletivos, mutáveis, e impenetráveis.
Saca isso ?
O fato é que, de certa forma somos sim uma ilha, ou não.
Somos tão felizes, ou somos tão qualquer coisa o quanto quisermos ser, ou não.
OU NÃO!
Recebemos conceitos mastigados o tempo todo, digerimos o quanto queremos.
até que ponto somos estamos a sós nas nossas decisões?
SACA? OU NÃO!

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Retrato do fracasso, a exposição de uma alma adoecida.

  Há algum tempo andava sem saco pra tudo, sem saco pra ouvir, sem saco pra me ouvir, só vomitava raiva em cima de tudo, qualquer mínimo sinal de qualquer coisa fugindo ao meu controle era motivo pra destilar intolerância  e rancor, como se eu culpasse o mundo por aquele buraco em que eu vinha afundando. Cada vez mais imersa no lugar em que eu mesma cavei,  sem sentido algum, de certa forma me sentia confortável naquele lugar, uma proteção talvez. Sem sol algum me aquecendo,e nenhum novo ar, a mente foi ficando empoeirada e em algumas partes, inabitada, a imaginação por exemplo ....
  Quanto mais fundo eu ia menos eu acreditava em mim, menos eu acreditava nas pessoas, menos eu acreditava, MENOS TUDO.não via beleza naquelas coisas que sempre vi, não achava mais graça em ver as pessoas tão diferentes e tão iguais, tão imensas e tão frágeis, via só pequenos objetos de longe, objetos dos quais nem tinha a menor pretensão de decifrar, muito menos adimirar.Não ria mais de mim mesma, via no espelho uma imagem desconhecida, como se eu não pertencesse aquele espaço.Nem me lembrava ao menos do quão bonito o céu pode ser, e quão assustador também, havia uma vaga lembrança de como era a chuva, mas tal lembrança me causava desconforto, devido a mesquinhes da minha alma, até mesmo o vento me causava espanto, retirava as incríveis mechas de cabelo do lugar, cabelo esse que servia pra esconder, ou desviar a atenção de uma mente vazia, que ser humano pobre é esse que não sabe se relacionar com coisas tão simples e tão magnificas a sua volta? parece ser tão besta isso que eu acabei de falar sabe?
É "clichêzão" mesmo Falar o quão bom é ver beleza nas mínimas coisas, mas, realmente. Se eu não conseguia me relacionar com as menores das coisas então com o que mais relacionaria?
  De repente eu só me via, O ego, SUPER EGO, acho que o que me fazia ir cada vez mas fundo naquilo tudo, era a incrível e tola vontade de ter controle sobre tudo.Óbvio, inúmeras tentativas frustradas , quanto mais vontade de controle eu tinha mas escuro ia ficando aquele lugar, e mais fundo eu ia, mas escuras, e diga de passagem burras iam se tornando alma e mente.
 Não sei o que me fez querer voltar. Na verdade sei, mas não vem ao caso (segredo de estado,talvez outra hora eu conto), mas me lembrei de quem eu era, me lembrei que um dia eu quis ter vergonha daquela figura, que se jogava  ou não se jogava, que não tinha prisões, amarras, nem arreio, eu olhava em todas as direções e não só pra dentro.me afundei naquele  buraco, e hoje fico envergonhada da pessoa que me tornei,mas mais do que vergonha, que tive nojo, e quis sair daquele lugar, eu quis perder o controle sobre o cabelo, sobre o olhar, sobre mim, sobre o mundo, quero retirar a poeira da mente, o mofo de mim... E cá estou, com um sorriso de orelha a orelha por ter escrito isso, por ter me perdido no caminho de volta pra casa, o qual eu volto todos os dias, é to feliz por ter deixado fluir, por ter me deixado voar.
Boa noite, bom descontrole.